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Darwin Day!

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A 12 de Fevereiro assinala-se o aniversário do nascimento de Charles Darwin, efeméride que não podíamos deixar passar aqui no blog. Nascido em 1809, em Shrewsbury no Reino Unido, este naturalista inglês notabilizou-se principalmente pela publicação de A Origem das Espécies, em 24 de Novembro de 1859, que se tornou provavelmente no estudo científico mais significativo dos tempos modernos.

Em Portugal, a primeira referência ao trabalho de Darwin aparece pela mão do botânico Júlio Henriques (JH) , apenas seis anos após a sua publicação em Londres. JH analisou o tema na tese de doutoramento intitulada As espécies são mudáveis? (1865), que pode ser consultada aqui.

Nas linhas finais dessa dissertação, refere (manteve-se a ortografia original):

Parece pois que na especie humana tem completa aplicação a theoria de Darwin. A muitos desagradará a ideia de que o homem é um macaco aperfeiçoado. Mas se Deus nos deu a razão, se hoje o progresso e o desenvolvimento intellectual nos colloca tão longe do restante do mundo animal, que importa a origem?

Que receio pode infundir uma theoria, cujas consequencias são em geral a consecução de um maior grau de perfeição?

O mundo marcha: deixemo-nos ser levados neste movimento de progresso.

Ao longo deste extenso trabalho, Júlio Henriques manifesta o seu apoio à teoria de selecção natural, o que parece garantir-lhe as honras de primeiro darwinista português. Podemos apenas imaginar a dimensão da polémica que tal posição marcou no seio da comunidade académica portuguesa.

A isto se junta outro facto digno de nota, o de a primeira tradução conhecida em português da obra de Darwin datar de 1910, o que permite inferir que JH terá lido e explorado aprofundadamente a obra na sua língua original, ou talvez em francês, língua dominante na altura, embora não tenhamos encontrado qualquer informação sobre a existência de traduções nessa língua.

Esta circunstância vem reforçar o carácter empreendedor e visionário de JH, investigador atento ao que se passava dentro e fora de Portugal, e sempre em comunicação com outros investigadores em diferentes países. Isto ainda antes mesmo antes de ter assumido o cargo de Director do Jardim Botânico de Coimbra.

Ao longo do seu percurso profissional e académico nesta cidade, pôs em marcha de forma determinada um ampliado conjunto de reformas baseadas em modelos de instituições botânicas de referência na Europa, que vieram a tornar o Instituto Botânico da Universidade de Coimbra uma das mais proeminentes instituições do género. É a ele que se deve também a renovação no interesse no conhecimento da flora de Portugal, o reflorescimento do próprio Jardim Botânico e a criação da Sociedade Broteriana, a primeira agremiação científica botânica a ser fundada em Portugal. Este grupo, cujo nome é uma clara alusão e homenagem a Avelar Brotero, reunia apaixonados pela botânica provenientes de diversas áreas, designadamente agrónomos, professores de liceu, abades, médicos, antigos alunos da Universidade e cidadãos particulares. A Sociedade prestava-se a colher exemplares botânicos para posterior identificação e conservação em herbário, com vista a reunir materiais indispensáveis para a publicação de uma nova Flora Lusitana.

Júlio Henriques foi também o arquitecto da expedição de 1903 a S. Tomé, onde a equipa de No trilho dos naturalistas vai estar no verão do próximo ano a realizar filmagens para um dos quatro documentários que estão a ser produzidos.

 


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